segunda-feira, 5 de maio de 2008

Imagens Reveladas

HOMEM: S.m. 1. Qualquer indivíduo pertencente à espécie animal que apresenta o maior grau de complexidade da escala evolutiva; o ser humano; Homem, dotado das chamadas qualidades viris, como coragem, força vigor sexual; macho. Homem-de-ação; Homem-de-empresa; Homem-de-Estado; Homem-de-Letras; Homem-de-pulso...

MULHER: S.f. 1. O ser humano do sexo feminino capaz de conceber e parir outros seres humanos, e que se distingue do homem por estas características. Mulher-á-toa; Mulher-de-Comédia; Mulher-da-rua; Mulher-da-vida;

Imagem de Mulher X Imagem de homem, revelação de um passado preconceituoso que está sendo transformado agora!

Até pouco tempo, ter uma visibilidade pública, era uma atividade condenável às mulheres. Todas as suas atitudes: gestos, voz, opiniões, expressões e roupas, apareciam no mundo como expressões de sua personalidade, e uma mulher mais chamativa, certamente ganharia um apelido desagradável. Como estamos ganhando esta batalha? Tomando a arma inimiga para as nossas mãos.

Isto quer dizer que, a mulher de hoje busca uma imagem poderosa e sensual, que expressa a sua liberdade e deixa os homens totalmente ligados.

Ser uma mulher contemporânea é manejar com a habilidade a capacidade de sedução. O toque importante é o seduzir represente aquilo que for mais original em cada mulher, pois desta maneira estaremos conquistando também um espaço no mundo.

A História da Arte traz imagens femininas inesquecíveis, que documentam os lugares ocupados pela mulher em diversas culturas e épocas.O e.o.vento.me.disse vai mostrar para vocês um pouco desta história começando pelo Nu feminino, que fala de uma maneira muito delicada e sensual, sobre nós e a nossa vocação maravilhosa de ser musa inspiradora dos homens sobre a terra...



A escultura nasceu feminina, com a Vênus de Willendorf datada de 20.000 anos atrás. Nesta obra, a mulher é um amuleto de evocação à fertilidade. Seu corpo é roliço e amplo, para dar abrigo ao nascimento dos filhos e alimenta-los com os seios fartos.



Na Grécia, As Graças, cerca de 2.000 a.C., o nu feminino é juvenil e dançante. Filhas do Sol, elas alegram o coração dos homens. Aglaia – a brilhante, Eufrosina - aquela que inspira a alma e Tália - aquela que faz florescer, são reconhecidas por sua capacidade de persuadir docemente a humanidade, dotando-lhe de boas maneiras, sabedoria e encanto.



A imagem despida de Adão e Eva, define a Idade Média. O nu é sinal de embaraço, impudor e desconforto. O Gênesis, neste quadro de Albert Dürer, é o momento onde o preço pago pelo prazer é a dor, dor da vergonha de Adão, dor do parto feminino. O castigo temperou a nudez com o erotismo, que fez da mulher nua um motivo de obsessão, uma forma de arte a ser aperfeiçoada...



No Renascimento, a mulher nua é Vênus, a deusa do amor. A Vênus de Urbino - 1538, de Ticiano, retrata uma divindade ainda pudica, com um olhar etéreo, colo fértil, apesar de estar delicadamente cobrindo o seu sexo. Os cabelos desarranjados e o ramo de flores aparentemente falam de uma mulher sedutora, mas se repararmos bem estamos diante de uma Deusa, cujo amor pertence ao reino imortal. No segundo plano, duas mulheres serviçais, cabelos presos, vestidas, nos mostram que na vida real a condição feminina era bem diferente, aprisionada e subserviente.



Cem anos depois, a Vênus ao Espelho, 1651 de Diego Velázquez, retrata um jogo sutil entre a deusa e o espectador. De costas para nós, numa atitude aparentemente de reserva, a Deusa nos espia pelo espelho, atenciosamente voltado em direção a ela, por seu fiel Cupido. O sorriso é convidativo, sedutor e vaidoso. Aqui, ao contrário da imagem anterior, e mesmo diante da simplicidade da cena, sentimos o poder do erotismo na mulher e na pintura...



Erotismo este que irá inspirar diretamente a pintura Maja Desnuda, de Goya, realizada em 1800. Nem deusa, nem personalidade mitológica. Uma mulher viva, de carne e osso, que freqüentava a alta sociedade espanhola. Maria Cayetana - Duquesa de Alba, um dos amores do pintor. A célebre posição dos braços, que realça os seios e equilibra as formas arredondadas do corpo, marcam claramente o desejo sexual de Maya. As reações foram imediatas e o pintor teve que refazer o quadro, e vestir sua musa. Fazendo graça com a corte espanhola, vestiu-a com um tecido transparente. Mas a sexualidade feminina de Maya, mesmo vestida, atravessou os séculos e inspirou vários artistas.



Poderíamos dizer que somente 60 anos separam a Maya e a Olympia, de Edouard Manet, pintado em 1865. No entanto, é neste período que o mundo e a arte se preparam para a modernidade, desfazendo mitos, revolucionando estados e criando, sobretudo uma nova visualidade. Manet dizia que era preciso ser do seu tempo e pintar o que se vê. Isto é, a sua Olympia é mais um estudo de cores e do universo sensível do olhar, do que uma mulher nua propriamente dita. Apesar vestir alguns símbolos do fetiche sexual: a gargantilha, o sapato alto, a flor aberta no cabelo e os lençóis de seda decorados, todos estes elementos não garantem o erotismo da cena. Estamos diante de uma prostituta, que é indiferente às flores e ao agrado da mucama, uma mulher cuja expressão é fria e tediosa. Apesar de causar o maior escândalo, a Olympia de Manet é na verdade um elogio à pintura e irá influenciar todos os impressionistas. Da sua visão da mulher resta a imagem, nos dias de hoje tão pouco sedutora, de uma amante profissional.

Rompendo com o universo da arte acadêmica e clássica, Auguste Rodin cria em 1880 a obra Mulher de Cócoras, que em nada lembra a busca do erotismo de da perfeição dos corpos nus da pintura. Aqui, a mulher não tem uma função moral e pública, ela é o corpo em ação, um modelo para uma nova escultura mais libertadora, que reflete uma arte emotiva e sensível. Rodin moldava sua argila recusando seguir as leis matemáticas da anatomia, tão valorizada pelos mestres do início do século dezenove. Ia moldando a argila e compondo a figura, dotando suas obras de uma sensualidade material. Na cena, pois a escultura está quase em movimento, vemos uma mulher feminina e delicada que se entrega àquele momento vivido.



Les demoiselles d´Avignon, As madames de Avignon de 1907, de Pablo Picasso, é um quadro manifesto que marca a chegada do cubismo na cena artística. Este movimento foi fundamental na revolução do fazer da pintura, pois realiza o abandono definitivo da perspectiva, técnica própria à arquitetura e à escultura, e valoriza a condição biplanar da tela. Isto é, a pintura deixa a profundidade, o claro escuro, a imitação do espaço, para tornar-se plana, chapada, abstrata, um jogo entre forma,linnha e cor. Além disto, há no quadro uma síntese da pintura ocidental – as banhistas e as mulheres nuas foram um dos temas de excelência da pintura, como vimos acima, e uma antítese, quando o artista recupera a arte africana, marcada pelas faces negras do lado direito do quadro, colocando-as no mesmo plano das musas ocidentais. A arte pode ser uma só, desde que esteja em permanente atualização com os seus meios, no caso de Picasso, na busca de uma autonomia da poética da pintura.

E as mulheres? Estão ali, no olhar que a espanhola lança para nós. Ao invés de observarmos uma cena, é a mulher que nos observa, numa atitude interrogativa e presente, anunciando o século que nos libertaria.



Enfim, o Nu Azul Sentado de Matisse, é pura arte e sintetiza todas as obras de vistas aqui. O corpo da mulher nua é estruturado a partir das formas geométricas puras: o círculo, o triângulo e o quadrado. Não é um corpo real, é ele aperfeiçoado, pelos valores da arte. Esta pintura expressa uma leveza necessária ao mundo de hoje, feita de um azul universal e da dança do encantamento, que é um dos mais bonitos atributos da mulher. Interpretada pelo artista, a mulher nua tornou-se símbolo inspirador, musa, deusa, fertilidade, sedução, imortalidade, sexualidade, beleza, leveza e feminilidade.


2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom teu texto e teu trabalho de resgate do feminino, creio eu que é um resgate, não sei como você define.

Enfim, vou recomendar no meu site
http://cachiri.multiply.com

Um beijo!

Anônimo disse...

Acabei de conhecer o seu blog e adorei. Adicionei no meu favoritos.
Abraço,
Bianca
BH - MG