quinta-feira, 24 de abril de 2008

Antonieta de Barros

A primeira prefeita negra do Brasil nasceu no Sul do país, terras hoje conhecidas pela influência e colorido europeu.

Filha de um jardineiro e de uma lavadeira, Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. Nesta época, o destino de meninas pobres e modestas, era ser empregada de famílias poderosas e no campo da política quem mandava eram os homens, todos brancos, é claro.

Ainda menina perdeu seu pai e sua mãe, para aumentar os seus recursos, transformou sua casa em uma pensão para estudantes, em 1917. Esta foi a oportunidade para que Antonieta começasse os estudos e como demonstrou logo cedo um grande interesse pelo aprendizado, foi aceita em uma escola da região para cursar o estudo fundamental. Em 1921, ingressou na Escola Normal Catarinense. Tal curso só foi possível com o auxílio de amigos da família, pois já não contava com o pai, morto alguns anos antes. Mas para a menina Antonieta, aquela não era apenas a oportunidade de conseguir um emprego cobiçado por moças pobres como ela. Na verdade, foi o início de uma das mais legítimas vocações de educadora de que temos notícia no Brasil. Antonieta continuaria ensinando até o fim de sua vida.

Quando se formou, criou o Curso Particular Antonieta de Barros, com a convicção de que o ensino era a condição de libertação das pessoas pobres. Foi também professora, de português e de psicologia, no Colégio Coração de Jesus, no Colégio Dias Velho e no Colégio Catarinense. Foi diretora do Colégio Dias Velho e do Instituto de Educação, no período de 1937 a 1945. Em diversos discursos dizia que a educação era o caminho para o futuro:
“Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé”.
Ides ensinar pequeninos.Ensinai-os, pelo exemplo, a ser bons, sem ser tímidos; a ter a coragem da lealdade, sem ser indelicados; a ser valentes, na defesa da própria felicidade e na do próximo, sem a estreiteza do egoísmo.
Não deixeis que a raça, a cor, a fortuna e todos esses ridículos nadas em que se perdem, muitas vezes, as criaturas, sejam traços de distinção, entre os pequeninos que o Senhor vos confiar.
Socializai a criança, fazendo-a viver convosco as virtudes de que sereis pregoeiras, a fim de que cada uma aprenda que as nobres ações só refletem a beleza quando praticadas por um imperativo de consciência.
Aqui, abençoando-vos, com abundância d’alma, a vossa Amiga de sempre deixa-vos ir, saudosa, mas tranqüila e confiante, porque sabe que haveis de pontilhar de luz a vossa caminhada, transformando-a numa esplendorosa Via Láctea, para, sob o olhar da Providência, mais engrandecer o Brasil, dentro de Santa Catarina.
O Lar e a Escola são as oficinas onde se formam e se aprimoram os caracteres. A ambos, pois, cabe, dentro da sua linda e soberba finalidade, preparar e adestrar o espírito do que, inevitavelmente, entrará, amanhã, no grande combate, que não só abate os fracos, mas também os desprevenidos.
Só o conhecimento da ciência da vida permite ao homem fugir das paixões negativas que proliferam lá fora, onde as competições se chocam e os homens se entredevoram.
E, se, pelo desamor ou – incúria dos que nos deveriam guiar – penetramos na grande luta, sós, olhos vendados, ignorantes da dissimulação do ataque e da ginástica da defesa, quantas quedas e como os desencantos se encastelam em o nosso caminho!...
Em meio aprendizado, apenas, já se sente a alma cansada, magoada, dolorosamente envelhecida, em farrapos...
E forte e privilegiado é o que não sucumbe vencido, e se deixa ir, arrastado no grande turbilhão...
Que se inicie cada criança no conhecimento dos deveres, inerentes à sua condição de humano. Não é bastante dizer-se humano: é preciso sê-lo realmente, agindo com a preocupação elevada de alcançar, na aurora de amanhã, um pouco mais do ar e da luz, que hoje se obteve. Isto, porém, sem acotovelamento, dentro dos limites da sua individualidade, sem ferir ou negar direitos de outrem.
O bem estar, entre os humanos, só será duradouro quando houver conhecimento da individualidade própria e o respeito pela do próximo.

Que os pequeninos conheçam o veneno que destila a lisonja, a bajulação, armas dos incapazes, dos que necessitam de muletas; que aprendam a repudiar os ginastas das espinhas flexíveis e, sobretudo, que não se deixem vencer pela vaidade – o mais tolo dos sentimentos, capaz de esbater e apagar todas as virtudes.
Que se mostre aos pequeninos, com a luz do coração e da experiência, "o caminho por onde devem andar", ensinado-lhes que todas as estradas são pedregosas e há espinhos em todas as veredas, mas que, por ser cada criatura o deus da sua trajetória, é seu dever imperativo a realização do divino milagre – tanto mais admirável quanto mais difícil: transformar em frutos e flores as pedras e os espinhos encontrados na dolorosa "senda de curvas estreitas".


Ser professora era o seu principal talento, mas Antonieta não parou por aí.
Em 1926, fundou o periódico "A Semana", colaborou com o jornal "A República", de 1931 a 1936, escrevendo crônicas com o pseudônimo de Maria da Ilha. Em 1937, publicou a primeira edição de um livro de crônicas, "Farrapos de Idéias", o mesmo título de sua coluna em "A República". A renda do livro foi destinada ao abrigo dos filhos de leprosos da Colônia Santa Tereza, conhecido como "Filhos de Lázaro".

Com a nova Constituição de Getúlio Vargas, em 1934, Antonieta concorreu à eleição para a Assembléia Legislativa do Estado e foi eleita, em 1935. Seu mandato foi até 1937, pelo partido Social Democrático (PSD). O interessante é que Antonieta não se dizia feminista, mas pregava que a mulher deveria deixar de depender do homem e conseguiria sua independência através do estudo.

Em1951, ela deixou a política, morrendo no dia 18 de março de 1952, no Hospital de Caridade. Tinha apenas 51 anos. Não se casou, nem teve filhos. O jornal "O Estado" noticiou: "A capital do Estado foi ontem abalada com a dolorosa notícia do falecimento da Exma. Sra. Antonieta de Barros, que dias antes fora internada no Hospital de Caridade. A notícia de imediato se propalou por toda a cidade, provocando a maior consternação." Foi sepultada no Cemitério São Francisco de Assis.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ela foi deputada, não prefeita.

Anônimo disse...

eta blog burro ela foiiii
deputada estadual nao prefeita
dããããããhhhh

Anônimo disse...

seus inbecis

Anônimo disse...

Muito grata, Mariana, por incluir dados biográficos de Antonieta de Barros. Continue soprando.
Por vezes a chuva também lava a nossa alma que, por vezes, o vento companheiro seca e desperta após a chuva. Abraço.
Lina Efigenia, de SP/SP