sábado, 12 de abril de 2008

Elas fizeram a História

Esta semana, vamos falar de Emancipação da mulher no Brasil, lembrando para os leitores do Bolsa de Mulher que existiram muitas almas femininas que foram fundamentais para a nossa história e que ainda permanecem desconhecidas dos livros oficiais. Esta situação começou a ser redimida pela publicação do Dicionário de Mulheres do Brasil – de 1500 até a atualidade, Jorge Zahar Editor, organizado pela Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), uma organização não governamental, chefiada por mulheres, cuja pesquisa realizada em todos os estados do Brasil, mergulhou no passado para resgatar a vida de mulheres famosas e anônimas.

Voltando no início de nossa historia... poderíamos dizer que se não fosse a portuguesa Inês de Souza, com apenas 16 anos, a cidade do Rio de Janeiro não estaria nos mapas e teria sucumbido a invasão francesa. Mulher do Governador da Capitania, Salvador Correia de Sá – 1578 à 1598, foi responsável pela defesa da cidade quando houve um ataque de três navios corsários, que vieram saquear e incendiar a cidade. A estratégia de defesa de D. Inês foi o máximo, vestiu muitas mulheres com armaduras masculinas, que simularam na praia alguns movimentos militares, afastando os franceses da cidade.

Outra personagem interessante foi Ana Pimentel, Governadora da Capitania de São Vicente em 1534. Nascida de família nobre espanhola, casou-se cedo com Martim Afonso de Souza, teve seis filhos e veio para o Brasil, como procuradora de seu marido para assumir algumas terras da Capitania de São Vicente, nada mais nada menos do que hoje é conhecido como a cidade de São Paulo. Acompanhada por uma armada real, sua viajem durou três anos, e aqui chegando logo providenciou a nomeação dos comandantes que iriam ajuda-la a ocupar as terras. Incentivou o cultivo de laranja com o objetivo de eliminar o escorbuto, doença provocada pela falta de vitamina C, que atacava os navegantes portugueses durante o caminho para cá. Também estimulou o plantio do arroz, do trigo e o cultivo de gado na região .

Vejam algumas datas importantes para a emancipação política da mulher no Brasil:

1852 – é lançada a primeira publicação exigindo o acesso à educação para as mulheres, o Jornal das Senhoras, Rio de Janeiro.

1881 - pela primeira vez, as moças conquistam o direito de entrar nas faculdades de Medicina. Este caminho foi aberto por Maria Augusta Generoso Estrella, que
teve de estudar nos Estados Unidos, no New York Medical College and
Hospital for Women, porque o acesso às faculdades brasileiras era vetado
paras mulheres. Ela se formou em 1882 e seu caso serviu como pressão publica.

1910 - sob o comando da professora Leolinda de Figueiredo Daltro, é
organizado o Partido Republicano Feminino que lutava pelo direito ao voto. Desejo realizado somente 22 anos depois...

1922 - no Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Congresso Feminino
Brasileiro, sob a batuta de Bertha Lutz, sobre ela falaremos na próxima edição do História feminina.

1929- a capixaba Emiliana Viana Emery conquista, na Justiça, o
registro eleitoral e o direito ao voto. Foi um escândalo!

1932 - O presidente Getúlio Vargas concede às mulheres alfabetizadas o
direito de voto. Depois do Equador, o Brasil foi o segundo país da América
Latina a outorgar o direito. Vejam só, antes da França.

1934 - A Constituição Federal assegura igualdade política para as mulheres e os homens, conquista excluída da Carta de 1937, quando da imposição do Estado Novo.

1962 – Com a mudança no Estatuto da Mulher Casada, a esposa
deixa de ser tutelada pelo marido e pode decidir sobre a própria vida, ganhando até CPF. Imagina como elas faziam as compras??

1985 - Surgem as primeiras Delegacias da Mulher, chefiadas por delegadas e policiais mulheres. Uma conquista fundamental pois é hoje um instrumento fundamental para a defesa contra os maus-tratos e agressões contra as mulheres e crianças.

1988 – A “bancada do batom” assegurou igualdade para homens e mulheres
na chefia das famílias. Os principais direitos já estão na letra da lei.

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