domingo, 6 de abril de 2008

Leila Diniz



Você sabia que na década de 70, estar grávida significava um longo período de quarentena e a condenação definitiva de toda e qualquer sensualidade feminina? Que existiam lojas especializadas em roupas, que na verdade eram mais uniformes de gravidez, verdadeiros sacos de batatas e que detonavam a beleza feminina em um dos seus períodos mais lindos? E quem nos tirou desta roubada?
O fato aconteceu em plena Praia de Ipanema em 1971. Em vez de nos mostrar os glúteos, Leila Diniz desvendou o seu barrigão de 7 meses, através de um biquíni a “la Bardot”, libertando o Brasil inteiro e particularmente as cariocas, do papel de grávida reprimida. Nesta ação ela ainda nos deixou algumas lições: ”Não gosto de convenções”, “não tenho preconceito” e o melhor “não faço regime”.

Leila Diniz foi um cometa que passou pela nossa terra e deixou um rastro luminoso que até hoje não se apagou. Conseguiu em plena ditadura, numa época em que tudo se reduzia entre o bem e o mal, a esquerda e a direita,o imperialismo e o comunismo, e o obviamente entre o machismo e o feminismo, mostrar que existiam muito mais coisas do que supunha a vã filosofia feminina da época.

Para se ter uma idéia, em 1969, em uma entrevista histórica ao semanário Pasquim, ela nos ensinou que a liberdade é possível e proclamou: “Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”. Esta entrevista causou furor, como nada escapava aos homens de verde oliva do regime militar, o artigo foi a gota d’água para a decretação da censura prévia na Imprensa, causando também, pasmem, indignação nas feministas, que acusaram Leila de servir aos homens. Quando se é original, não há verdade prévia que suporte.

Leila nasceu em Niterói, em 25 de março de 1945, onde passou sua infância concluindo o ginasial e o clássico. Formou-se como professora e deu aulas para o pré-primário em uma escola no subúrbio do Rio de Janeiro. Como professora aboliu em sua sala a mesa, sentando-se sempre entre os alunos. Em 1961, com 17 anos, conheceu o primeiro amor de sua vida, o cineasta Domingos de Oliveira com quem viveu até os 21 anos. Foi nesta parceria que surgiu a veia artística. Teve a sorte de ser convidada por Cacilda Becker para fazer uma peça de teatro e com isto ir para a TV Globo participar de telenovelas. Sua personalidade era tão inspiradora que no filme Todas as mulheres do mundo, dirigido por Domingos de Oliveira, e, protagonizado por Paulo José, Leila foi o motivo da redenção do homem sedutor e desvairado por todas as mulheres, típico personagem masculino da época. Paulo José ou seu personagem, chegava ao final do filme com a conclusão de que em Leila, ou em sua namoradinha, havia todas as mulheres do mundo.

Mais tarde, casou-se com o diretor de cinema Rui Guerra, pai de sua filha Janaína. A gravidez foi libertadora, como vimos, e, mesmo durante os shows, Leila amamentava a filha. Para nós isto é o comum , só que na época muitas mulheres deixaram de amamentar por preconceito, ou porque achavam que os seios ficariam caídos.

Fez 14 filmes e 12 telenovelas, fora as peças de teatros e outras incursões públicas que marcaram o seu nome em nossa história. Morreu em 1972, em um acidente de avião quando voltava da Austrália e onde havia ocorrido um festival de cinema. Deste fato, a impressão que fica é quase um roteiro divino : como Leila estava voando no céu, tão próxima de Deus, este, ao vê-la tão perto, roubou-a de nós e colocou a estrela morena, carioca e linda em sua constelação. Aqui na terra, ainda ressoa a alma da mulher especial, que nos dizia : “Não morreria por nada neste mundo, porque eu gosto realmente é de viver! Nem de amores eu morreria. Porque eu gosto realmente é de viver de amores “ E quem não gosta ?

A ROBERTO AINBINDER, fã de Leila e de todas as mulheres do mundo!

Um comentário:

Anônimo disse...

grande coisa ela mim foi um ex. funesto se vc ver bem a trajetoria dela vc vai entender o que estou dizendo........bjoss